Fato ou Fake? Seguem as infos, você julga.

fato ou fake

1) É comum na política interna do Fluminense a crítica de que atualmente existe um gasto excessivo com Esportes Olímpicos, Social e Back Office, em detrimento ao gasto da instituição com o Departamento de Futebol.

Mas o balancete do 1o semestre de 2018 mostra o custo total de R$ 83,8 milhões com Futebol contra R$ 28,5 milhões com todo o restante. Desta forma, o montante aplicado no Futebol Profissional foi de 74,6% contra 25,4% nas demais áreas.

Dentre os gastos com Back Office encontram-se despesas de todas as estruturas de suporte comuns em clubes de futebol, como Recursos Humanos, Financeiro, Contábil, Administrativo, Jurídico, Marketing, Arenas, Comunicação e TI. Estas unidades prestam serviços para todas as áreas do Flu.

Apesar da crise financeira que assola o clube, o Fluminense conseguiu terminar o 1o semestre com superavit contábil de R$ 4,6 milhões. Caso não sejam consideradas as despesas financeiras provenientes de juros e atualização monetária de dívidas, o superavit operacional seria de R$ 14,8 milhões no período.

Importante atentar que há diferença entre o lucro contábil e lucro financeiro/caixa, mas esses conceitos demandam um post específico. Atualmente a situação financeira do clube continua delicada (fluxo de caixa), mas já há sensível melhora na situação econômica (resultado operacional mensal).

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2) É comum na política interna a crítica de que existem muitos gastos com serviços de terceiros.

No balancete do 1o semestre de 2018, o Flu segrega as despesas de serviços de terceiros dentre as que são relacionadas ao Futebol (R$ 12,6 milhões) e as relacionadas ao restante do clube (R$ 3,9 milhões). Nesta rubrica estão basicamente todos os serviços pagos pelo clube mediante recebimento de nota fiscal de serviços.

Por exemplo, dentre estas despesas com terceiros do Futebol estão os profissionais que recebem como prestadores de serviços. E também os custos com logística, hospedagem, alimentação, transporte, lavanderia, etc. Importante entender que os gastos com futebol também englobam toda estrutura de Xerém.

Dentre os serviços de terceiros relacionados a Back Office estão por exemplo os custos com escritórios de advocacia especializados, despesas de call center e secretaria para atendimento aos sócios, agência de comunicação, plano de saúde de empregados, empresas que cuidam da manutenção, limpeza e segurança das sedes, etc.

A comparação entre clubes é complexa porque a forma de organizar as informações nos demonstrativos varia de clube pra clube.

Mas a título de exemplo, o Grêmio apresenta no seu Orçamento 2018 uma previsão de gastos total de R$ 19,2 milhões com serviços de terceiros, mas segrega as despesas de Viagens e Estadas em rubrica à parte, no valor de R$ 6,7 milhões e outra de Aluguéis e Hospedagens, no valor de R$ 1,6 milhões. Também há uma rubrica Comissões, no valor de R$ 10,6 milhões.

O Internacional apresenta seu Orçamento 2018 em rubricas segregadas para o Depto de Futebol: valor total de R$ 4,7 milhões com serviços de terceiros, R$ 3,7 milhões com serviços de apoio, R$ 4,2 milhões com aluguéis e R$ 7,6 milhões com logística. Total previsto para 2018: R$ 20,2 milhões com atividades típicas de terceiros só no Depto de Futebol, sem contar as demais partes do clube. As despesas operacionais do Inter estão orçadas em R$ 76,6 milhões para 2018, mas as linhas são expostas por área de negócio, sem diferenciar o que seria coberto por serviço de terceiros.

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3) É comum na política interna a crítica de que existe “ansiedade” para negociar jogadores.

A venda de jogadores é fonte de receita importante até mesmo para os clubes mais ricos do país, e não é diferente com o Fluminense. Mas desde o início da gestão Abad, mesmo com todas as dificuldades financeiras, apenas 3 jogadores considerados titulares foram negociados: Wendel, Henrique Dourado e Richarlison.

Quanto ao Henrique Dourado, seu contrato com o Flu possuía uma cláusula de saída estipulada em E$ 4 milhões. Como o rival da Gávea chegou neste patamar, e foi do interesse do atleta sair por causa do alto salário que passaria a receber, então não havia o que fazer. Flu detinha 50% dos direitos econômicos e recebeu E$ 2 milhões.

Richarlison foi negociado com o Watford por E$ 12,5 milhões. No contrato de venda ficou acertado que sua transferência posterior renderia ao Flu 10% da diferença entre a compra e a revenda, o que é chamado de sell on. então, na transação do Watford com o Everton, o Flu passou a ter direito a mais E$ 3,75 milhões. Lembramos o Flu detinha 50% dos DEs do jogador, que haviam sido adquiridos 18 meses antes junto ao América-MG por US$ 2 milhões.

Quanto ao Wendel, após perder a posição com Abel Braga seu valor de mercado diminuiu um pouco. Mas mesmo assim saiu por E$ 7,5 milhões.

Importante perceber que, num clube com graves problemas financeiros, o mercado explora esta situação no momento de elaborar as propostas. Por isso é tão importante a busca pelo reequilíbrio econômico definitivo, algo que dará poder de barganha ao nosso clube para que o valor das transações chegue o mais perto possível do valor das multas contratuais.

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4) É comum a crítica de que há dinheiro expressivo para entrar referente às transações internacionais de Marlon (zagueiro) e Fabinho, então o clube já estaria equilibrado.

Importante entender que a maioria das receitas oriundas do mecanismo de solidariedade FIFA (percentual de clube formador) não são pagas espontaneamente pelos clubes europeus. O valor só passa a ser devido após 30 dias da transferência do atleta, e os clubes formadores geralmente precisam abrir um processo na FIFA e provar com documentos que fazem jus à cláusula de solidariedade.

O Flu tem um escritório de advocacia contratado para gerir estas demandas, mas os processos FIFA são lentos. Não há como a gestão contar com esta receita no fluxo de caixa corrente, pois ela não tem previsibilidade de entrada. É uma receita eventual e extraordinária. De qualquer forma, há um máximo de 5% para os clubes formadores e normalmente acaba-se tendo entre 1 e 2%. Confira aqui como funciona esse mecanismo FIFA.

Também é importante ler os demonstrativos financeiros do Fluminense e entender o déficit que a instituição precisa superar. São documentos públicos.

Há dívidas bancárias urgentes, oriundas de empréstimos tomados para honrar o custeio corrente, dívidas com fornecedores, dívidas com parceiros de direitos econômicos de atletas vendidos, dívidas em acordos trabalhistas, e também dívidas com clubes como Udinese e Independiente Del Valle, que se transformaram em processos FIFA que podem gerar punições esportivas ao nosso clube.

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5) É comum a crítica de que o Flu poderia cobrar menos pelo preço dos ingressos.

Basta olhar os borderôs no site da CBF para perceber que os custos do Maracanã são um grande problema. Os documentos são públicos. No balancete do Fluminense para o 1o semestre de 2018, fica claro o desequilíbrio entre as rubricas Receita de Bilheteria (R$ 4,7 milhões) contra Despesas com jogos e competições (R$ 8,3 milhões), devido principalmente ao atual padrão de custos do Maracanã.

É importante entender que, se fosse aplicado apenas o interesse da instituição, o preço certamente seria o menor possível, para que o máximo de tricolores pudesse estar presente em todas as partidas. Entretanto, a crise que assola o bolso de todos os brasileiros também assola os clubes, e o nosso Fluminense ainda joga no estádio mais caro do país em termos de despesas. Infelizmente, o custo do Engenhão também é similar ao praticado pelo Maracanã. Recentemente fizemos uma outra análise sobre tentativas de precificação alternativas, todas sem sucesso, praticadas no ano de 2017.

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